quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Natal de segunda mão


Natal de segunda mão por Reinhard Lackinger

cada ano, mais e mais pessoas desabafam comigo, dizendo não gostar do Natal.

Não, isso não tem nada a ver com a minha afirmação maluca de nós baianos termos talent apenas para o carnaval!

O assunto desta vez é sério!

Será que não existe para nós baianos e habitantes de uma linda região tropical pelo menos um motivo forte para não
gostar do Natal?
Será que no íntimo a gente não ache toda essa muvuca natalina com neve de algodão, Papai Noel fantasiado de
esquimó, pinheirinhos e pinheirões enfeitados, presépio e tudo uma tremenda presepada?

Será que o nosso natal não é assim, um tanto estranho, vendo "Papais Noeis" suando em bicas em meio a um cenário
quase alienígena, porque o mercado, o comércio inteiro nos vendeu essa idéia doida só para lucrar horrores?

Um dia, a gente foi induzido a aderir e a assumir um costume com todos os adereços e interesses de países ricos do
hemisfério norte, onde nessa época faz um frio de lascar.
Embarcamos nessa maluquice só para brincarmos de primeiro mundo?
Olhando agora mesmo para lugares como Gramado,RS, a gente pode achar que sim!

Quem ganhou com a loucura de transformar nosso lindo habitat tropical numa caricatura da Europa e dos EUA?
O comércio e todos que faturam alto nesta época, ganhando fortunas e imensos rios de dinheiro com uma festa...
...com um costume de "segunda mão"!

Que tal a gente criar um movimento para mudar a cara do Natal?
Que tal a gente ir buscar os costumes diretamente na fonte e na região onde Jesus nasceu?

A cozinha judaica tem acepipes deliciosos. Principalmente os doces. Além disso adoraria comer potes e mais
potes de azeitonas pretas bem madurinhas... entre um quibe crú com bem cebola, folhas de hortelã, encharcado com
um bom azeite e pão árabe... e uns charutinhos de folha de parreira, à beira de uns copos de vinho!!!
A gente penduraria umas lâmpadas ( monocromáticas ) nas palmeirinhas e palmeironas, nos coqueiros e nos coqueirinhos
e a decoração de natal estaria pronta e perfeita, enquanto o Papai Noel distribuiria presentes vestindo apenas algo
parecido com um camisolão.

Ou poderíamos deixar o Santa Claus no dia dele e em 06 de dezembro, como é na Áustria, onde quem traz os presentes
é o próprio menino Jesus.

Pois é... na Áustria, o Papai Noel não existe!!! Pelo menos não existia na minha época e há 40 anos atrás.
É capaz do comércio de lá ter achado conveniente ter também um Papai Noel, como nós temos halloween... :-(

Que tal a gente criar um movimento para assumir um Natal Tropical?
Quem sabe, muitas daquelas pessoas aqui em Salvador, que têm me dito não gostarem de Natal, voltariam a achar graça
na festa que comemora o nascimento de Jesus, nosso salvador.

Sei que isso seria uma empreitada dificil, uma missão quase impossível... porém bem mais fácil do que tirar o carnaval
da Barra e da Ondina - evento mais lucrativo do que o comércio de natal, dia das mães, dia das crianças e outros eventos
tipo "caça-níquel" juntos - , mandando toda muvuca barulhenta para longe da Barra e para outro lugar bem mais apropriado...
...Falando nisso...ouvi dizer que investidores baianos e estrangeiros estão pensando em revitalizar a Ladeira da Montanha,
a Conceição, o Julião...

Feliz Natal Tropical

Reinhard e Maria Alice Lackinger
os taverneiros do Bistrô PortoSol

Publicação autorizada pelo autor


domingo, 13 de dezembro de 2009

Salvador não é mais uma cidadezinha - cadê o espaço ?










Até quando essa bagunça vai continuar?


A Superintendência de Trânsito e Transportes de Salvador ( Transalvador ) anunciou alterações na circulação e estacionamento de veículos nos bairros Ondina e Barra, no sábado (12), das 8h às 24h, devido à realização da “Marcha Para Jesus”, promovida pela Ordem dos Ministros Evangélicos do Brasil.

Felizmente, até onde averiguamos, no período da manhã , não houve a interdição da Av.Adhemar de Barros, muito menos a da Av. Oceânica. Um dos nossos colaboradores fez o trajeto Rio Vermelho, Av. Centenário pela Av. Oceânica totalmente liberada às 9 h da manhã. Voltou pela mesma via, tendo subido num ônibus do ponto do Shopping Barra e entrado a citada avenida bem ali na sinaleira que ficam em frente ao Morro do Cristo. Não aconteceu nada do que foi anunciado! O evento, na verdade, somente aconteceu no período da tarde.
Será que dá para entender? Como se anuncia modificações tão drásticas e, em um período e de repente, nada acontece. Ainda bem que os transtornos gerados com a “Marcha”, aconteceram das 14h até a meia-noite. Mas tudo isto dá para pensar de que maneira descuidada são feitas as coisas por aqui...
Há poucos dias, justamente no horário de pico ( 19 horas ) de um dia de semana, a Transalvador deu cobertura à uma procissão no Rio Vermelho , ocasionando um senhor engarrafamento. No último dia 25, interditou a Oceânica para uma corrida.
No domingo, seis de dezembro, a Prefeitura , disponibilizou a área do estacionamento da Praça do SOL, bem em frente ao Instituto de Reabilitação para uma empresa demonstrar o seu produto, um veículo chamado Spyder , nada mais que um triciclo motorizado que custa a bagatela de 74 mil reais . Nesse dia os banhistas , tiveram que se virar para encontrar estacionamento em outros locais ou, simplesmente, desistirem do banho de bar.
Será que a Prefeitura ainda não percebeu que Salvador não comporta mais certas manifestações de rua ? Não somos, contra as manifestações, muito menos as religiosas, que respeitamos, o problema é que não se pode despir um santo para vestir outro. Prejudicar toda a população para dar espaço a apenas a um grupo que quer elevar a sua voz. Que se encontrem locais adequados a cada tipo de manifestação. Outra coisa que tem que terminar, é a ocupação da Barra pelo que um bom amigo meu chama de “muvuqueiros” Aqueles palcos gigantes em frente ao Farol da Barra são uma aberração e um suplício para os moradores do bairro de IPTU mais caro da cidade.
É preciso mudar o conceito das coisas. Como tudo muda o tempo todo, os gestores da cidade precisam usar a cabeça e não podem e não devem se esquecer que Salvador já deve estar com uma população acima dos 3 milhões de almas. Não é uma cidadezinha do interior...

sábado, 12 de dezembro de 2009

Os coqueiros da nossa orla estão abandonados à própria sorte







A colagem de fotos ao lado mostra a coluna que sustenta a figura do Cristo da Barra , com as quatro placas que faltavam. Embora novas e reluzentes, contrastando com as antigas que não foram substituídas, melhor do que nada...

As outras imagens , mostram o fim que levaram três mudas transplantadas pela Prefeitura na pracinha recentemente inagurada ao lado da Igreja de Santana, no Rio Vermelho.


Uma amiga minha , como muitas outras pessoas, preocupada com as coisas da cidade, que anda sofrendo de um abandono violento nesta segunda gestão do prefeito JH , me mandou um mail, perguntando: Sarnelli, você viu que, aproveitando a colocação da árvore de Natal no Morro do Cristo, colocaram as quatro placas de mármore negro que estavam faltando na coluna sobre a qual está a estátua do Cristo ? Expliquei que tinha visto, agradeci e informei que aquilo tinha sido o fim de uma luta de, pelo menos, dois anos ...

O que será que tem a ver o Cristo da Barra com os coqueiros da nossa orla ? A mesma doença , falta de atenção e cuidados dos nossos gestores...

Ao responder-lhe, por minha vez, eu perguntei: amiga, você percebeu a qualidade de mudas de coqueiros que a prefeitura transplantou na nossa orla, da Barra a Itapoã ? Querendo me referir à saúde delas , mudas que nunca crescerão , que nunca serão coqueiros , muitas das quais já morreram . Neste passo, dentro de alguns poucos anos, uma das características mais marcantes das nossas praias, desaparecerá, uma vez que a maioria , aquela que ainda resiste, está velha e em fim de vida.

Eu insisto no assunto , denunciando a situação ,e não é a primeira vez , na esperança de que algum responsável pelo setor veja a postagem e resolva tomar alguma providência, pois os coqueiros são também um cartão postal da nossa querida e linda Salvador. Não podem, em hipótese alguma, desaparecer do cenário...

Para vocês , o resposta que recebi via mail , reproduzida na íntegra :

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Não apenas venho notando, bem como também observo que o coqueiral que existia até uns anos atrás em Stella Maris, na continuidade de Itapoã, está cada vez mais raquítico, derrubado por construções de condomínios e hotéis em áreas de Marinha, e também utilizados como depósitos de entulhos etc.

E as barracas de praia entre Piatã e Stella, que foram transformadas em favelas, continuam as mesmas: o Exterminador do Futuro de Salvador disse que iria derrubá-las e providenciar alternativas para não prejudicar os barraqueiros mas nada fez até agora. Piatã era linda e está uma vergonha.

Quanto à Stella você nem imagina o estado de abandono, sujeira e insegurança...

Nem a perspectiva de eleições no próximo ano motiva os incompetentes pelo menos a disfarçar montando cenários como sempre se costuma fazer em Salvador. E olha que aqui no bairro moram vários abutres da maioria das Secretarias.


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Coitada de Salvador !...


Sarnelli, em 11.12.2009


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A estátua do Christo Salvador , no morro da Barra




Finalmente, a coluna de sustentação da estátua do Christo Salvador, instalado sobre o cume do morro na Barra , recebeu as quatro placas de mármore negro que estavam faltando. Podia ser melhor, mas, como está, não fica tão feio. Para quem não sabe, esta estátua , esculpida em mármore de Carrara pelo escultor italiano Pasquale De Chirico , que morou 40 anos em Salvador, inaugurada em 24.12.1920 , é quase 11 anos mais velha do que aquela do Cristo Redentor do Corcovado.
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domingo, 6 de dezembro de 2009

Ida e volta à Mata de São João, via Plataforma




Acordei com o firme propósito de escrever algo lembrando a minha infância, e, a primeira idéia que me veio à cabeça é a que estou aproveitando...

Está no título e vou contar para vocês o que nós fazíamos naqueles anos do final da década de 30, início da de quarenta, do século passado.

O meu avô tinha uma casinha em Mata de São João onde também a minha avó , estou falando dos avós maternos, tinha uma dela. Cada um tinha a sua...

Assim, sempre que era possível , íamos à Mata eu e o Pasquale . A viagem começava com uma caminhada até o ponto do bonde, no passeio do armazém do espanhol , Seu Apolinário. Para ir, era preciso ir de trem, que tinha até um apelido. Era o “ pirulito”, e saía da estação de Calçada às 5 da tarde. Mas eu não entrava nessa de ir pegar o trem na central da Calçada. Eu tinha que ir pegá-lo em Plataforma! Meu avô , com santa paciência , sempre me contentou. Isto significa dizer que nós pegávamos um bonde no Rio Vermelho para ir até a praça Municipal, descíamos o elevador Lacerda, e pegávamos outro bonde ( era, evidentemente, época de bondes, mas , já elétricos ) na praça Cayru, para a Ribeira, para, daí, tomarmos uma canoa, sim, canoa mesmo ,para atravessarmos o braço de mar conhecido como porto dos tainheiros e íamos para o outro lado esperar o trem ...Claro que era uma viagem que levava tempo, mas não era nada desagradável. Os bondes eram abertos e eu, naqueles idos, não sentia o calor do qual o meu avô, discretamente, de vez em quando reclamava...

Acomodados no Pirulito , começava a outra parte da nossa viagem e só íamos chegar em Mata já noite escura, umas duas horas depois. Eu acompanhava da janela os fios do telegrafo que seguiam paralelos à linha do trem . De vez em quando, parávamos em alguma estação, mas não demorávamos. Priiimmm , era o apito do chefe do trem que autorizava a partida e puf,puf,puf, o barulho da locomotiva saindo e aumentando a velocidade enquanto jogava no ar uma fumaça preta da lenha queimada e transformada em carvão e brasa. Muitas vezes, a fumaça entrava pela minha janela e os olhos ardiam ou, até mesmo, uma fagulha lançada pela chaminé, me atingia num olho e o meu avô , pacientemente o limpava...Enquanto o tempo passava e a noite começava a chegar, vinha a sonolência e eu acabava dormindo para ser acordado já na estação de Mata de São João. Tínhamos que caminhar um pedaço para ir para casa , à luz de lampiões fedorentos que funcionavam a carbureto ou, então, nada de lampiões , bastava a luz da lua cheia para nos mostrar o caminho de casa . Uma delícia, caminhar sob o luar e olhar para o céu apinhado de estrelas.

Sempre ficávamos alguns dias por lá e eu adorava passar o sábado e o domingo porque no sábado havia aquela feira tradicional de cidades do interior. Durante a semana você não via ninguém, mas, no sábado , aparecia tanta gente que não sabia de onde tinha saído. No domingo, ainda tinha um restinho...

A volta, é a mesma história, contada ao inverso . Eu estava me esquecendo de falar dos túneis que encontrávamos no caminho. Quando entrávamos em um deles , a fumaça da Maria fumaça retida em cada um deles, invadia os vagões e todos os passageiros tinham a sua dose, além de ficarem com os olhos ardendo, evidentemente. Alguns deles, costumavam viajar usando guarda-pós... A torcida, agora, era chegar à Plataforma, para pegar a canoa de volta para casa. Melhor explicando, a canoa, era, apenas, a segunda etapa do retorno...

Já me perguntaram porque falo sempre do meu avô. Não dá para esquecer a nossa amizade e mesmo porque, morando em Salvador, eu me encontro constantemente com ele. Se vou à Barra , vejo o Christo Salvador, esculpido por ele . Se vou à praça de São Pedro, vejo o relógio (base) e a estátua do Barão do Rio Branco. Se vou à praça da Sé, passo pelo monumento a Castro Alves. Se ando pelo Centro histórico , passo por diversas obras suas. Se entro no Palácio Rio Branco, só ali tem quatro trabalhos do Pasquale. Se desço o Lacerda, vou sair na Praça Cayru, onde o monumento à figura ilustre foi obra de sua autoria. Vivendo numa cidade como Salvador, cheia de obras dele, não dá para esquecer o velhinho conhecido como “ Professor Pasquale “. Não o Professor Pasquale, fera na língua portuguêsa, mas a fera nas artes da escultura e do desenho, que foi professor da Escola de Belas artes durante 40 anos, até a sua morte em 1943.

Ele morou o tempo todo aqui no Rio Vermelho , foi o pioneiro dos artistas no bairro , ali na Av. que antigamente era Getúlio Vargas e agora é ,simplesmente ,conhecida como avenida Oceânica. Hoje, o seu endereço seria “ Rua da Sereia “ , quase na Ondina.

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Sarnelli 06.12.2009




A gare de Calçada

sábado, 5 de dezembro de 2009

A prainha nota 10 do Rio Vermelho












Quem chega ao fim da av.Oceânica que eu conheci nos meus tempos de criança como av. Getúlio Vargas , não percebe que está passando por uma prainha única em Salvador. A Av. Oceânica, começa na Barra em frente ao farol e termina na rua da Paciência, bem ali onde há uma balaustrada com alguns obeliscos , tudo projetado , bem possivelmente, por algum arquiteto francês...A balaustrada e os obeliscos já estavam no lugar em que estão, desde que eu me entendo por gente...

Hoje é uma das praia mais tranqüilas da nossa orla, embora as águas mereçam respeito em certas ocasiões, porém há nela um serviço de praia de muito boa qualidade prestado por uma casal que conserva o local rigorosamente limpo e arrumado e você pode estar tranqüilamente instalado junto à uma mesa e sentado sob um guarda-sol de praia, tomando a sua loirinha gelada ou curtindo um belo banho de mar. Ouvi dizer que uma turma de estrangeiros frequenta a praia todas as tardes jogando voley. É uma praia agradável e tranqüila, embora pequena, que merece ser curtida. Na verdade, na prática, poucas pessoas têm dado importância a uma das praias que é uma das melhores da orla de Salvador. Pensando bem, até que é bom que seja assim mesmo para que não haja um aumento de freqüência que estrague a sua característica. Uma delas, evidentemente, é a limpeza exemplar mantida pelo casal que explora os serviços da barraca da praia e o mar, quando está calmo, uma delícia !


Sarnelli, em 05.12.2009