Na verdade , eu precisava de uma foto de um peru , mas, com a preguiça de sair caçando um, por aí, numa cidade grande, e como quém não tem cachorro caça como gato, encontrei, no meu arquivo, esta foto destes simpáticos gansos, que, felizmente , estão vivinhos e lúcidos para " reperesentar " o peru devorado no Natal... A curiosidade , aqui no caso, é que essa trinca tem medo de água... Só para beber !
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Acabo de voltar de uma viagem de um mês , durante o qual quase não mantive contato com os amigos do bairro. Por isso , logo procurei rever o pessoal, principalmente os mais próximos, mesmo levando em consideração o fato de que, ainda este mês, farei uma nova viagem e estarei fora , cerca de mais 30 dias . Um amigo, melhor dizendo, vizinho de bairro, que mora ao lado do que foi uma casa de família e que continua mantendo a aparência de uma residência normal, e hoje é uma empresa, pois a parte baixa do Parque Cruz Aguiar está uma mistura de algumas poucas casas que restaram ,já que as que sumiram deram espaço a empresas como clínicas, restaurantes , academia, etc. , me contou que este ano teve uma surpresa. Ele tem mantido um relacionamento cordial com o pessoal da empresa vizinha, muros colados , como todos nós, aliás, por aqui. Me contou que ficou surpreso ao receber em casa às vésperas do Natal, um enorme peru que , segundo ele, mais parecia uma avestruz. Agradeceu a surpresa e passou a se preocupar em como iria utilizar tanta carne. O danado, de tão grande e peitudo, quase não cabia no forno, teve que ser assado na padaria..., fato que, aliás, é um costume antigo. Mandar assar o peru na padaria ... Para completar a surpresa, ainda foi convidado para o jantar de confraternização entre os funcionários, a quase totalidade dos quais nem conhecia, num restaurante de classe, no próprio bairro, ou seja, no Rio Vermelho , e como ele não é pessoa de abrir mão de um convite dessa natureza... Tem comida, bebida e cinema, é com ele ! Tanta gentileza por parte do vizinho, algo que já saiu de moda e que apenas lembra o antigamente, quando as pessoas presenteavam justamente o peru para a ceia de Natal , vivo, é claro , porque no antigamente a que me refiro não havia ainda os congelados que facilitam , em muito, as vidas das pessoas, embora não seja a mesma coisa. Os penosos tinham que ser comprados nas feiras livres. Davam trabalho. Teriam que ser levados para casa, é claro , e mortos na véspera, após serem forçados a engolirem uma bela dose de pinga para ficarem grogues antes que a faca lhes fosse passada pelo pescoço. Diziam os antigos que, dessa forma, era mais fácil praticar o peruicídio, e que a carne ficaria mais macia ! É por isso que dizem que quém morre na véspera é o peru. Na véspera do Natal. Muitas vezes, passava um ou outro vendedor de porta em porta , oferecendo o galináceo , que poderia ter sido afanado à noite em alguma chácara da cidade ! ... Lembram que já existiu o ladrão de galinha e, certamente, de patos e perus ? O fato deixou o meu amigo cabreiro e tentando imaginar o motivo de tanta cordialidade , até porque isso hoje está fora de moda e o relacionamento, na verdade , é meio informal , a ligação muito tênue. Vivemos numa época em que cada um cuida de si. Parecia não haver motivos para tantas gentilezas , mas convites são convites e presentes são presentes e a época das festas natalinas, oportuna. Além do mais, não havia perigo de lhe pedirem algo em troca... Mas é como dizem por aí. Tem gente que não bate prego sem estopa! E foi o caso. Dias depois de tudo isto acontecer, é que ele descobriu que aquele jantar e o peru serviram para estreitar a amizade de vizinhos uma vez que do outro lado começou uma reforma parcial dos escritórios com direito a muita poeira e barulho, algo que o meu amigo não esperava e detesta. De marretadas e talhadeiras na tentativa de cortar concreto envelhecido e endurecido. No final das contas, pelo menos, foi uma maneira gentil de calar a boca do vizinho que não fez por menos. Foi ao jantar, e deu um jeito de dar sumiço no peru... Agora, só no próximo Natal, que, da forma que o tempo passa, não está tão longe assim... se resolverem fazer alguma outra reforma ! É póssível que surja mais um jantar e outro peru . O peru, não faço questão, mas ao jantar, certamente eu irei...Eu e ele somos inseparáveis !...
Sarnelli em 14.01.2012