sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Falácia do buzu - uma polêmica ( o nosso ônibus de todos os dias )

Ônibus circulando por rua do bairro do Rio Vermelho

From: "Reinhard Lackinger> - To Sarnelli

Sent: Friday, February 18, 2011 1:14 AM
Subject: falácia do buzú - uma polémica
Caro fratello !

Eu acho que você tem sempre razão nas suas elocubações , que nascem a partir de um fato ou de fatos que precisam ser revistos ou corrigidos e que elas são uma contribuição espontânea para a coletividade , vindas de uma pessoa que, por força das circunstâncias , já rodou meio mundo e que viu muitas coisas nos trajetos percorridos , uma transferência de cultura.
Alguém tem que ver o que nós escrevemos e tomar uma providência, mas há sempre um conflito de interesses , outros entraves burocráticos e políticos conhecidos, e, eu ainda diria, falta mesmo , de visão...
De fato, eu sempre deixo o carro na porta de casa , porque não está sendo mais possível dirigir pelas ruas de Salvador nos horários de pico e é muito difícil estacionar, para o que você precisa gastar uma grana violenta , ou , então , ter uma verba para cobrir este custos , se as suas necessidades exigirem e compensarem. E, a cada dia , as dificuldades vão aumentando , à medida que as distribuidoras colocam mais carros nas mesmas ruas estreitas de sempre , sem solução à vista , com o DETRAN licenciando milhares de unidades por mês , contrariando as queixas do Prefeito de que as distribuidoras são responsáveis pelos engarrafamentos.
Por uma questão de cultura e de “ status “ , cada brasileiro que ter o seu particular e o baiano não é diferente, com as fábricas produzindo e as financeiras facilitando a grana . É um direito, ora bolas !
Sim, voltamos a falar dos buzus . Eu não me transporto nos horários de picos, quando as pessoas andam em pé , suando , neste verão rigoroso e sempre já com os desodorantes vencidos... Eu viajo em ônibus vazios , pois ando na contra-mão da movimentação da população , mas viajo em ônibus reformados que são mandados para aqui como novos e que deveriam estar rodando em outras plagas, alguns até em lugares frios, pois nós necessitamos de muita ventilação e não de mais calor . A maioria deles , com motores dianteiros, ajudando a aumentar as temperaturas dentro das cabines .
Ante- ontem, para o meu desespero, assisti a um programa sobre os transportes na ilha de Manhatan. Não quero, evidentemente, fazer comparações . Simplesmente, não dá ! Apenas dizer que lá as pessoas viajam comodamente sentadas, em veículos com ar condicionado, que as deixam em qualquer ponto da cidade . Se falarmos em metrô , então , me envergonho , porque fiquei sabendo que lá há 380 quilômetros de pares de trilhos e me lembrei do nosso, que depois de quase 14 anos ( é isso ?) , ainda não rodou um metro e, o pior, não chega a ter 6,5 quilômetros. O metrô de Salvador deve ser uma história da carochinha , daquelas contadas pela minha avó... Acho que andei sonhando . Será que adormeci na frente da TV ?
Por lá , você viaja pelo buraco do tatu e nem chega a tomar conhecimento do eventual congestionamento que estiver acima da sua cabeça . Por lá o transporte é tão bom , que desestimula a pessoa a ter um carro próprio ! O estacionamento é caríssimo !
Enfim, em matéria de transportes públicos , o que nos é imposto é um castigo, um tormento . O tratamento a bordo , varia de acordo com o dia do motorista , se ele dormiu ou não direito , se está ou não satisfeito coma empresa , etc. Alguns motoristas, no entanto, são , realmente educados , mas tem outros...
Aqui está uma péssima notícia :
“ O site Gente&Mercado informa com exclusividade :" O boêmio “ bairro do Rio Vermelho, em Salvador, é o próximo alvo da O’R, braço imobiliário do Grupo Odebrecht. A empresa planeja erguer um hotel e torres residenciais numa área superior a 17 mil metros quadrados, em frente ao mar, local onde funcionou a Maternidade Anita Costa. “
Isso, quer dizer: no Morro do Conselho ! Eu acrescento que, por enquanto, cada apartamento de 270 m2 está calculado em dois milhões de reais . Quer dizer, algumas centenas de carros de luxo irão circular, no futuro , pelos bairro dos artistas e da boemia...
Não tem nada a ver com os buzus, mas tem a ver com a quantidade de veículos que o empreendimento atrairá para o Rio Vermelho , que é um bairro de passagem , tem a ver com engarrafamentos, tem a ver com o tempo que os passageiros dos buzus desconfortáveis e sem ventilação como os nossos , barulhentos e trepidantes , ficarão dentro deles sentados ou em pé ...
Tem tudo a ver com problemões que as nossas autoridades terão que enfrentar para desatar o nó do tráfego na Mariquita , até hoje não resolvido e que tem sido empurrado para mais adiante a barrigadas... Se falar em viadutos, elas se assuntam por falta da grana , mas , há outros meios ? Problema delas, não é mesmo ? O povo começa a cobrar uma solução porque não agüenta mais !
Se as promessas que estiverem sendo feitas dependerem do desempenho demonstrado na questão do nosso centímetrô , nós vamos mesmo é continuar viajando em buzus reformados em outros estados, sem ventilação e sentando em poltronas duras de plásticos , sem esquecer que, nos momentos de picos , continuará a questão dos desodorantes vencidos...
Se disserem que 2014 vem aí , e que as coisas vão melhorar , vou pedir a Deus que me dê o tempo necessário para ver as mudanças e fazer a relação dos novos milionários da cidade...
Ah, sim, e ver a frota renovada , um povo educado e feliz , que não faz pipi nem cocô nas ruas, não joga latinhas de cerveja , nem no chão nem no mar , nem embalagens de bombons , e coisas outras que evidenciam a cultura de um povo , inclusive muitos sanitários públicos espalhados pela cidade , para que não seja necessário prefeito algum mandar prender quem quer que seja, por falta deles , passeios sem buracos , etc.,etc. ! Não é pedir demais, ou é ?
Sarnelli, em 18.02.2011.

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2 comentários:

  1. Além do desodorante vencido, há os banhistas cheios de areia, batucando no nosso ouvido desde queembarcam no buzú até o destino... nosso ou deles.
    Sem falar dos neo-consumidores e neo-comedores, bufando e peidando no nosso nariz!

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  2. Tem razão Reinhard ! Não é que estava me esquecendo dos " baleiros e vendedores de doces e salgados " ? - Em cada parada , desce um e sobe outro. Durante toda a viagem tem sempre um a bordo ... Outros , vendem de tudo , usando aqueles coletes da prefeitura . Dentro de um ônibus, em Salvador , você pode comprar um pente, lápis, espelhos, canetas, agulhas para costurar , uma garrafa com água gelada e até comprar um picolé... etc., e , ainda, de quebra, tem aquele pessoal que faz um discurso longo para angariar donativos em favor de instituições que recuperam drogados. Nos nossos ônibus não há monotonia, não é mesmo ?

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